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sábado, 12 de julho de 2008

Histórias



Parque Nacional Serra da Capivara Essa foto do chalon foi dirada na entrada do museu Homem Americano.
Patrimônio Cultural
Patrimônio Natural

Patrimônio Natural


Patrimônio natural
Fronteira Ecológica
A ecologia é a ciência que se ocupa de entender a natureza. Na busca de entender as complexas relações que regem a harmonia entre seres vivos e o ambiente que elas ocupam, a ecologia se concentra em identificar a função de cada organismo, ou espécie (grupo de organismos que descendem uns dos outros e que em condições naturais não cruzam com organismos de outro grupo), e como o conjunto destes organismos, as populações de espécies diferentes, são modificados e se adaptam aos fatores climáticos, geológicos, químicos e até mesmo às ações do homem.
As “matas brancas” do nordeste do Brasil ou caatingas, como as chamavam os nativos, são formações biogeográficas caracterizadas por plantas xeromórficas (que perdem todas suas folhas na época seca). Ocupa 650.000 km 2 do Nordeste do Brasil, exceto a faixa litorânea, dos quais apenas 0,1 % encontram-se preservados legalmente.
O Parque Nacional Serra da Capivara, encravado na caatinga, é fruto de uma história geológica, climática e biológica complexa. A diversidade da vida presente hoje, só foi possível graças a variabilidade dos relevos e aos múltiplos habitats escavados em milhares de anos pela força das águas.
As condições climáticas, permitiram que a floresta tropical úmida ocupasse até o Piauí há cerca de 60.000 anos. Com a retração das florestas úmidas imposta pelo início do ressecamento, por volta dos 18.000 anos, algumas espécies desapareceram, outras se retrairam com seus ambientes originais, algumas resistiram encravadas em refúgios mais úmidos (os boqueirões ou canyons) e são os testemunhos vivos desta história. As espécies que permaneceram foram, cada uma de sua maneira, animais e plantas, se adaptando aos diversos ambientes da caatinga. Hoje estas espécies são novas espécies, típicas dos novos tempos.
Espécies testemunhos das épocas úmidas podem ser ainda encontradas na região como uma população relictual de jacarés amazônicos da espécie Cayman crocodilus que vive na Fazenda Veneza (nos limites do Parque) e constitui o limite de ocorrência, a sudeste, desta espécie no país. Duas espécies de louro, Ocotea fasciculata e Poutteria reticulata, árvores tipicamente amazônicas ainda estão presentes no Parque.
O contato com o cerrado e seus elementos de flora e fauna estão presentes até hoje. Esta relação mais duradoura entre caatinga e cerrado, permite que espécies de animais, principalmente de grande porte e/ou de maior mobilidade, sejam comuns a estes dois ecossistemas. Contudo, nem de longe a caatinga e o cerrado são iguais. A ocorrência natural do fogo, comum no cerrado, e inexistente na caatinga, a não ser quando provocado pelo homem, e a disponibilidade de água talvez sejam as principais diferenças.
O clima impõe o ritmo biológico no semi-árido e economizar água é essencial para todos. As chuvas são raras, irregulares e as temperaturas altas. Não há rios perenes no Parque. São comuns os longos períodos de estiagem, como a grande seca de 1983, onde a precipitação foi zero por 3 anos. Há porem os anos bons, como 1996 e 1997, quando as chuvas se extenderam de outubro a fim de maio (normal-mente vão de outubro a março), totalizaram mais de 990 mm distribuidos por muitos dias e sobre uma ampla área.
Os “caldeirões” se enchem garantindo suprimento para os próximos anos.
O relevo é determinante nas diferenças locais de precipitação e temperatura. A chapada, a planície e os baixões (declives mais ou menos suaves da chapada para a planície), são mais secos e quentes, próximo aos paredões das serras e no interior dos boqueirões o micro-clima é mais úmido e fresco. A extensão (às vezes maior que 8 km) e a altura (chegando a 200 m) dos paredões proporcionam mais sombra, barram o vento diminuindo a evaporação e condensam as correntes de ar formando as chuvas orográficas.
Como vimos, o arranjo da cobertura vegetal é determinado, principalmente, pela insolação e o tipo de solo. Assim a chapada, a planície e os baixões são cobertos pelas caatingas arbustiva e arbórea que variam de alta, alta densa, baixa aberta, baixa, média densa a baixa densa. No interior dos boqueirões estão as florestas semi-decíduas com árvores altas (até 30 m) e que na sua maioria mantém folhas verdes todo o ano. Entre as mais frondosas, podemos encontrar as gameleiras (Ficus rufa) e os pau d’arco (Tabebuia impetiginosa). Ao redor dos caldeirões e olhos d’água florescem samambaias, avencas, imbaúbas (Cecropia cf. peltata) e gramas. Nos lajedos, extensões de afloramentos rochosos, comuns em todo o Parque, e que acompanham as bordas superiores dos boqueirões, encontram-se as maiores concentrações e variedades de cactáceas e bromeliáceas.
A taxa de endemicidade (espécies típicas) da flora é alta. Das 615 espécies de plantas encontradas na caatinga 72 % são específicas do sudeste do Piauí. Estas plantas, arrumadas como num mosaico, estão expostas ao sol durante quase todo o dia e se fixam em solos basicamente arenosos e/ou rochosos, incapazes de acumular água de modo suficiente. Folhas pequenas, a capacidade de perdê-las totalmente na seca, raizes profundas, a presença de numeroso espinhos, os caules capazes de estocar água em seus tecidos e a presença de inúmeras espécies com tubérculos (raizes ou caules subterrâneos que acumulam substâncias nutritivas) são algumas das adaptações que permitem a sobrevivência destas plantas. O extrato herbáceo é efêmero e só aparece, ainda que mal representado, na época das chuvas. Os cipós (lianas) são abundantes.

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